28 de agosto de 2011

''Mulheres Amam Sapatos''




A mulher e os sapatos: uma relação que precisa ser melhor compreendida

O que faz as mulheres gostarem tanto de comprar calçados?
Os homens, principalmente, são quem menos consegue entender as razões pelas quais as mulheres gostam tanto de sapatos. A indústria calçadista é a maior beneficiada, mas, na verdade, também não entende muito bem porque e como isso acontece.

Um estudo recente contribui para que tanto os homens quanto a indústria calçadista desvendem esse enigma. A Giacometti Comunicação procurou entender a verdadeira relação que as brasileiras mantêm com os sapatos e conhecer todos os ritos que envolvem a escolha dos calçados, com pesquisas qualitativas e quantitativas, mediante discussões em grupo e análises etnográficas com 400 mulheres das classes A, B e C entre 18 e 40 anos.

Conheça aqui os principais resultados obtidos em relação aos hábitos de consumo e envolvimento emocional que ocorre antes, durante e depois da escolha e aquisição de um calçado e confira com seu próprio comportamento em relação a isso. A sua relação com calçados se aproxima desses resultados?

POR QUE AS MULHERES COMPRAM SAPATOS?

O sapato, diferentemente das roupas, é quase um fetiche. A compra raramente é funcional – é, antes, passional e dificilmente revela alguma frustração pessoal. Os sentimentos envolvidos na compra do sapato e da roupa são os mesmos: o que está em pauta é o desejo de se sentir mais bonita e mais reverenciada.

O discurso dominante é de que beleza deve andar junto com conforto. De um lado, vale sofrer um pouquinho para estar mais bonita, sobretudo em ocasiões especiais – sempre levando em conta se permanecerão em pé ou sentadas na ocasião, fazendo, assim, uma análise de custo-benefício. De outro, trabalhar o dia todo com o pé doendo, por exemplo, não dá. Em situações cotidianas, o conforto se torna muito mais prioritário para a saúde dos pés e para a qualidade do humor.

O sapato é um componente do visual tão importante quanto a roupa, sobretudo os de salto – eles têm uma dimensão simbólica de poder, elegância e sensualidade. As entrevistadas afirmam estar sempre de olho nos sapatos das outras mulheres e julgam-no uma arma de sedução.

Como é o processo de compra
Ao ir às compras, mesmo sem estar com um objetivo definido em mente, o sapato tem a preferência de escolha de 45% das entrevistadas e essa preferência é justificada por razões claramente emocionais e que se resumem em uma frase proferida por muitas delas: “Porque amos sapatos!” Dentre essas, os maiores índices encontram-se entre as mulheres das classes A e B, nas faixas etárias de 18 e 25 anos, e 26 e 40 anos: 48% de cada grupo.

Em relação aos sentimentos envolvidos no ato de compra, a pesquisa detectou:

4prazer (gostam de voltar com compras para casa, querem logo usar);

4poder (ter dinheiro para levar aquilo que tem vontade);

4autoestima (levanta o astral, se sentem mais bonitas);

4amor (se presenteiam, comprar é um ato de merecimento).

“O momento de lazer para mim é comprar.” (Classe A)
“Se eu estiver em um momento de angústia e tristeza é quando eu mais quero gastar.” (Classe B)
“Comprar tira o estresse, o cansaço, tira tudo!” (Classe C)

As mulheres brasileiras (68%) entram na loja de calçados, invariavelmente, estimuladas pela vitrine. O processo de compra é bastante distante da racionalidade: cumprindo as premissas básicas de qualidade, não há planejamento prévio de necessidade ou adequação ao guarda-roupa. Ou seja, é uma compra, puramente instintiva. “Vi. Me apaixonei. Levei.”

A televisão responsável por um distante segundo lugar (12%) no processo de escolha, ficando as amigas em terceiro lugar (8%). As mulheres brasileiras são “guerrilheiras” e vão a inúmeras lojas em busca de modelos que as conquistem. Já a possibilidade de compra de calçados pela Internet é sumariamente descartada pela esmagadora maioria das mulheres (75%), porque, segundo as pesquisadas, é fundamental experimentar antes de decidir a compra.

Para a grande maioria das mulheres (80%) é a “ocasião social” que define a escolha do sapato. No trabalho, as mulheres da classe A quase sempre usam salto alto, as da B e C gostam de saltos, mas usam rasteiras e tênis.

Analiticamente, apesar de migrarem de um grupo para o outro, os calçados das entrevistadas se agrupam em três grandes núcleos:

4Trabalho – mais confortáveis, formais básicos, práticos e sérios (tribos esporte e social, conforme ocupação).

4Dia-a-dia – mais descontraídos, baixos e abertos

4Noite – mais altos, sensuais, chiques e modernos

Na loja, no momento da compra, ainda há detalhes que podem definir a aquisição e a satisfação final com o processo de compra como um todo. As entrevistadas se queixam muito da figura do vendedor “grudento”, aquele que “fica no pé” sendo esse o principal fator (54%) para não entrar em uma loja, seguido por vendedores antipáticos e vitrines sem preço, no mesmo nível de importância (11%), e má iluminação (10%).

As entrevistadas acreditam que o vendedor deve se colocar à disposição, sem interferir no processo de visualização da loja. Quando consultado, deve ser gentil e pode sugerir outras opções – desde que apresente o calçado pedido.

A maioria das entrevistadas deixou claro que não gosta de caixa de sapato por uma questão de espaço e por não ter utilidade. O “saquinho” é bem vindo, por não fazer volume e proteger o calçado, mas nem toda loja fornece, entretanto, uma entrevistada alegou que o saquinho dificulta a visualização dos sapatos na hora de escolher.

Também ficou claro que há interesse da parte da mulheres que as lojas de calçados ampliem o mix de produtos, na medida em que acreditam que deveriam oferecer bolsas e outros acessórios afins.

MODA, BELEZA E ESTILO

No que se refere à moda, há dois tipos bem definidos de mulheres: as pioneiras, que são as primeiras a aderir às tendências de moda, menos preocupadas com as opiniões contrárias e cujo comportamento é carregado de atitude, do tipo “sou mais eu”; e as seguidoras que esperam a moda se estabilizar para fazer uso das tendências – menos como temor, mais como processo de assimilação. Para estas, o limiar é tênue: ao mesmo tempo em que não são “propagadoras de nova moda”, não gostam de peças que todas utilizam.

O importante é frisar que a mulher é múltipla, podendo ter inúmeras facetas, com muitos modelos de estilo e comportamento em diferentes momentos do seu dia e da sua vida.

O sapato é um componente do visual tão importante quanto a roupa. Os sapatos de salto, sobretudo, têm uma dimensão simbólica de poder, elegância e sensualidade. O uso frequente do salto é apontado por 88% das entrevistadas, sendo que o maior índice ficou entre as mulheres com idade entre 18 anos e 25 anos (96%). Ainda sobre o salto alto, 61% das brasileiras se sentem mais elegantes usando-os, sendo que entre as mulheres das classes A e B essa sensação é mais marcante (67%), seguidas das entrevistadas da classe C, 57%. De acordo com os depoimentos das mulheres entrevistadas.

Salto
Centímetros
Raso
Rasteiras e até 2,5 cm
Baixo
De 2,5 e 6 cm
Médio
De 6 e 8,5 cm
Alto
De 8,5 a 10 cm
Altíssimo
ou ultra-alto
Acima e 10 cm

O salto “impõe, marca presença, emagrece, dá poder, melhora a postura, deixa elegante, é feminino, é chique, muda o visual”.

“Se você se arruma e vê que está bonita, todos à sua volta vão falar o mesmo.” (Classe A)

“O homem não repara no meu make, no meu brinco, mas a mulher repara.” (Classe A)

“Mulher se veste para outra mulher, não adianta!” (Classe C)

O calçado tem que combinar com o quê?
Para 66% das mulheres pesquisadas, os sapatos devem combinar com a roupa, enquanto 14% acreditam que devem ser combinados com a bolsa. A tradicional, certinha, combina o sapato – no tocante a cores e tons – com outros elementos como bolsa, cinto, roupa e acessório. A moderna, desencanada, acha que o sapato é uma peça independente e não necessariamente deve combinar com o tom ou cores dos acessórios.

A definição de estilo, para as entrevistadas é estilo, cada um tem o seu, ou seja, é mais abstrato. Para as entrevistadas, trata-se de algo como “o meu jeito”, não necessariamente está carregado de “atitude”. A moda, por sua vez, é padronizada – uma só, algo mais tangível, mas nunca está isolada, está sempre ligada ao estilo próprio. Ela, por si só, soa caricatural, mas quando associada ao “meu jeito”, ganha espontaneidade. Entre os discursos sobre a moda:

4Tô na moda – é o que dizem e fazem as mais vaidosas, seguem tendências e se informam sobre novidades nas lojas.

4Meu jeito – é a definição das que consideram que têm um estilo próprio, fogem do discurso da moda padronizado e exclusivo para magras.

4Oprimida – resume como se sentem as que não têm informação, em geral, têm menos dinheiro e dizem que “fazem o que dá”.

Em geral, o sapato está preso ao senso de adequação: combina-se de acordo com o estilo da roupa – não necessariamente nas cores, embora haja uma linha comportamental nessa direção – e da situação. Portanto, uma peça dependente das demais. Pode ser mais protagonista ou mais compositor do look, mas sempre desempenha um papel importante.

MARCAS, QUALIDADE, PREÇOS E QUANTIDADE

Ao contrário do geralmente se imagina, as mulheres não têm uma grande relação de fidelidade com as marcas de sapato. Apesar de citarem algumas marcas, poucas se demonstraram “fãs”. Como sinônimo dessa “infidelidade”, a pesquisa mostra que as mulheres estão abertas a experimentar marcas que não conhecem – desde que ofereçam uma boa qualidade.

As diferenças entre marcas que contam pontos são a variedade (gostam de ter muita opção); preço (não é condicional, caçam oportunidades); e qualidade (condição mínima para comprar um sapato). Vale ressaltar que, durante o levantamento feito pelo estudo, nenhuma das entrevistadas tinha mais de três pares da mesma marca.

Material e acabamento estão entre os atributos tangíveis da qualidade, ou seja, considerados no momento da compra. Durabilidade (36%) e principalmente conforto (74%) estão entre os atributos intangíveis mais importantes e são justamente eles que podem gerar frustração no futuro. Marca e preço estão necessariamente associados à qualidade do calçado. Mais que a roupa, a qualidade do sapato foi tida como fundamental: traz a ideia de sustentação do corpo e a segurança de não “ficar na mão”.

O preço é uma questão relativa e depende do tipo (se é rasteirinha, de salto, etc), da marca e, sobretudo do grau de “encanto” pelo sapato (“me apaixonei”). Para 35% das mulheres do estudo, o preço a ser pago por um par de sapatos varia entre entre R$ 50 e R$ 80, seguido de 26% que pagam entre R$ 81 e R$ 100. E qual é o valor máximo? Entre as entrevistadas, a maioria, 39%, afirmou que pode até pagar mais de R$ 190.

Os sapatos são considerados pelas mulheres como objetos de “quase-coleção”, porém, esse não é um tema tranquilo para as “consumidoras-colecionadoras”, principalmente para as que ocultam a verdade do marido. Isso, inclusive, dificultou para que fosse possível chegar ao número médio de pares de sapatos que as mulheres têm, que variou entre 15 (20%) e 110 pares.

A frequência de compra é, para 31% das mulheres, de pelo menos um par por mês; 27% compram mais de dois pares por mês e apenas 1% adquirem mais de cinco pares por mês.

OS CAMPEÕES DE PREFERÊNCIA


Foram apresentadas 13 alternativas de tipo de sapato para as entrevistadas, e a maior preferência (20%) ficou com peeptoes de salto baixo (sapatos abertos nos dedos e fechados atrás, com salto em forma de triângulo de cerca de 3 cm), seguida de perto (17%) dos scarpins de bico fino e salto de cerca de 3 cm, e com uma certa distância, das sapatilhas sem salto (8%).



Tendências

Entre outras tendências, a pesquisa identifica que as mulheres brasileiras passaram a adotar uma prática que as norte-americanas têm há anos – carregar um par de sapatos confortáveis na bolsa. Das entrevistadas, 42% relataram o hábito, sendo que o maior índice está entre as mulheres da classe C, com idades entre 26 anos e 40 anos (51%).

Para ir ao shopping, por exemplo, as mulheres da classe A usam mais saltos altos do que baixos. Já entre as da classe B este quadro se inverte e há a inclusão do tênis. As mulheres da classe C dão preferência aos modelos rasteiros. À noite, os saltos altos imperam. As mulheres das classes A, B e C preferem sapatos ou sandálias com salto. Na classe C os saltos não são tão altos.

Pontos importantes da pesquisa

A pesquisa qualitativa levantou sentimentos e afirmações que posteriormente foram comprovadas na fase quantitativa. Uma delas é a de que ser bonita está relacionado com o estar bem consigo mesma em relação ao caráter, à realização pessoal e à felicidade. A maioria das mulheres pesquisadas se considera vaidosa e faz o seu melhor, dentro das possibilidades financeiras.

Por outro lado, a pesquisa detectou que as mulheres têm uma autoestima vulnerável. O discurso inicial da beleza se sustenta, sobretudo, em valores intangíveis. A máxima “ser bonita dá trabalho, mas é um ritual prazeroso” se confirmou. Por ter uma autoestima inconstante, questões morais e de bem-estar estão presentes no subconsciente das mulheres brasileiras.

A multiplicidade da mulher contemporânea tem impacto significativo na escolha de modelos e no padrão de beleza que associam ao sapato. As inseguranças e aspirações são comuns às classes A, B e C, assim como a percepção de que o preço do sapato não é um determinante de compra.


Um comentário:

Anônimo disse...

olá, flor!
gostei do seu blog!

Se quiser dar uma olhadinha no meu...
http://vivere-sognare.blogspot.com/

beijinhos